Seminário: Especialistas compartilham experiências sobre eficiência do uso da água, gestão integrada e participação da sociedade

Por IPC-IG

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Por Isabelle Marie, Estagiária de Comunicação*

 

Brasília, 02 de fevereiro de 2018 - O Seminário Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e os  Desafios para a Gestão da Água e do Saneamento no Brasil debateu três pontos importantes para a gestão da água e do saneamento: 1. Identificação de oportunidades, desafios e perspectivas para o alcance das metas do ODS 6 no Brasil; 2. Experiências e casos de sucesso que contribuam para o atingimento das metas e ampliação da integração da gestão da água e saneamento no Brasil; 3. Relatos de representantes das instituições envolvidas sobre o aprendizado na gestão de recursos hídricos e saneamento e sugestões de caminhos para o atendimento das metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 (ODS 6), da Agenda 2030 das Nações Unidas.

 

                                                       

 

Nesse contexto, o terceiro painel debateu a eficiência do uso da água. Os destaques foram os projetos de reciclagem e desafios de reuso da água. O Gerente de Sustentabilidade da AmBev, Filipe Augusto Barolo, contou que a empresa tem uma grande preocupação com a reutilização da água.

’A gente tem uma preocupação muito grande com o treinamento, com a conscientização de todos sobre o reuso. Utilizamos a água da lavagem das garrafas para fazer a higienização das garrafeiras’’, disse ele.

O Diretor do Aquapolo, BRK/Sabesp, Fernando Gomes da Silva, propôs a criação de um índice nacional para medir o nível de desenvolvimento sustentável.

‘’Como colocar um indicador que demonstre que o país está caminhando na direção do desenvolvimento sustentável? Quanto daquilo que é tratado no país, na região, na bacia sofre algum tipo de reciclagem para uso posterior em outra atividade que não seja voltar para o afluente?’’, questionou.

Para o pesquisador da Embrapa Cerrados, Lineu Neiva Rodrigues, a integração na gestão dos recursos hídricos é um grande desafio para a política do setor.

‘’Temos que conseguir integrar de forma efetiva as diversas políticas setoriais, aumentar a oferta hídrica. É preciso não prestar atenção só no rio, é preciso pensar em como melhorar a bacia hidrográfica como um todo, tratar os recursos hídricos de maneira integrada’’, disse ele.

No quarto e último painel do dia, a gestão integrada dos recursos hídricos e a participação da sociedade foram os temas debatidos.  O Diretor Administrativo e Financeiro da Agência de Águas das bacias dos rios Piracicaba, Capivari, Jundiaí (PCJ), Ivens de Oliveira, contou que ‘’os três comitês PCJ trabalham de forma integrada. Todos fazem deliberações conjuntas e reuniões em conjunto. É importante destacar o papel da sociedade civil nesses comitês, representadas por organizações da sociedade civil e por consórcios’’.

 

                                                            

 

Em um contraponto à fala do Diretor Administrativo e Financeiro da PCJ, a socióloga e consultora independente, Rosana Garjulli, questionou a ideia de gestão participativa e integrada.

‘’Eu vejo que há uma interpretação errônea de nós, que estamos dentro do sistema, de que a participação deve se dar só naquele momento, naquele conselho, mas não é assim. A gestão para ser participativa e integrada precisa que toda a estrutura do sistema esteja funcionando de forma participativa e integrada. É preciso ter um conhecimento maior das especificidades de cada região e ajustar o nosso modelo de participação’’, pontuou.

Júlio Thadeu Silva Ketelhutt, Coordenador geral do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, Secretaria de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (SRHQA), MMA, também citou alguns desafios para a gestão integrada de recursos hídricos.

‘’A gestão integrada dos aquífero é complicada porque sabemos que o maior problema em gestão de recursos subterrâneos é a falta de dados. Isso com certeza implica em uma dificuldade da sua gestão e integração. É uma tremenda dificuldade fazer acordos e tratados sobre esse tema, porque país nenhum vai assinar um acordo se não souber os dados’’, disse ele.

Citando a experiência da Europa, o professor de recursos hídricos do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa e Ex-Ministro do Ambiente de Portugal, Francisco Nunes Correia,disse que a universalidade da água é o principal desafio para a sua gestão participativa.

‘’Apesar de o ODS 6 ser o que trata de forma detalhada as questões da agua, os temas da água aparecem em muitos outros ODSs. A água atravessa todos os ODSs porque é mesmo uma questão relevante para o desenvolvimento sustentável. Isso tem a ver com uma característica fundamental da água, a sua universalidade. Durante o dia utilizamos a água de várias formas, isso cria dificuldades e complexidades na matéria da participação’’, disse.

A mesa de encerramento do Seminário contou com a participacão do Diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea, Alexandre Ywata, do Diretor da ANA, Ney Maranhão, e do Coordenador do Projeto ODS 6 pelo Ipea, Gesmar Rosa dos Santos, que destacaram a importância do Seminário e a qualidade dos debates promovidos.

 

Fotos: ASCOM/Ipea e IPC-IG

* Sob supervisão de Denise Marinho dos Santos, Oficial Sênior de Comunicação